Casais Assexuais

quarta-feira, agosto 23, 2017 Sha 19 Comentários



Algumas pessoas quando se descobrem assexuais pensam que nunca conseguirão ter um relacionamento amoroso com alguém devido à sua falta de interesse em sexo. Outros acreditam que casais assexuais são praticamente uma lenda. Então vamos mostrar duas lindas histórias para vocês se animarem a não desistir de buscar sua felicidade.


 Tenho 38 anos, sou divorciada e tenho um filho de 7 anos. Eu sempre fui rotulada como esquisita pela minha família. Mas me "esforcei" bastante para me encaixar. Fui casada por 11 anos e meu filho é fruto desse relacionamento. Era um casamento fadado ao fracasso porque eu nunca o amei e não gostava de ter relações sexuais. Só me descobri demissexual durante a terapia pós-divórcio. Na designação da minha psicóloga, sapiossexual, mais precisamente.


A partir dessa nova nomenclatura, comecei a pesquisar sobre esse assunto no Facebook. Num grupo privado, vi um post sobre um grupo no Whatsapp. Passei a participar. Trocar ideias, de assuntos em geral. Um dos membros me indicou outro grupo. Nesse grupo que conheci meu marido atual que também é demissexual. Não tinha muita pretensão. Eu havia me decidido a abandonar qualquer sonho de relacionamento. Afinal, como eu sempre ouvi: eu era muito fresca, muito exigente etc. Minha "sorte" é que sempre fui muito ocupada com filho, carreira, etc. Então eu conseguia sufocar e mascarar bem o meu lado romântico. Só que, desde a primeira conversa, ele perturbou minha mente. Rolavam afinidades inquestionáveis. Ele me fazia rir. Eu podia ser eu mesma. Não precisava fingir ser meiga e fofa.

As conversas no grupo eram diárias, até que ele me chamou no privado e começamos a conversar mais. Horas a fio de assuntos intermináveis. Até que em outubro conversamos até o amanhecer. Nesse dia, ele me pediu em namoro. Eu aceitei. Ignoramos a distância e ficamos em fazer as coisas acontecerem. Eu moro em Roraima. Ele morava no interior de São Paulo. Em dezembro fui para o Rio de Janeiro passar as férias de fim de ano com a minha família. Ele se programou no trabalho para passar as festas e os fins de semana comigo. Até hoje me lembro do quanto eu me achava louca de pegar um táxi, rodar mais de duas horas até a rodoviária, para ir encontrá-lo. O ônibus dele atrasou e meu desespero só aumentava. Quando eu achei que meu coração ia se acalmar, ele se descompassou quado eu o vi chegando. Tal qual nas fotos, tal qual eu sonhara. Minha família se encantou por ele. Tivemos momentos incríveis. Ele me tirou no amigo oculto de Natal. Fez uma declaração que deixou sem palavras, sem chão.


O pedido de casamento foi feito no dia 26/12/16. Eu aceitei. Mas férias acabaram. E veio a longa espera até abril, quando ele teria 20 dias de férias. Então ele veio para Roraima, conhecer minha mãe, conviver mais com o meu filho. Minha mãe é daquelas pessoas difíceis de se cativar e que dificilmente gostam de alguém. Ela o adora. Meu filho o ama muito. Decidimos nos casar em agosto, quando ele terminaria a faculdade e viria para cá em definitivo. Nosso casamento foi dia 12/08/17."


divisória


Sou do RJ, tenho 31 anos e entendo-me como assexual ginerromântico. Sabia que era diferente desde pequeno, só não conhecia um termo para isso. Tentei namorar com algumas alos, sem sucesso. Achava os relacionamentos amorosos verdadeiros fardos. Por volta de 2010/2011 descobri na internet a assexualidade e me identifiquei de cara. Conheci alguns aces pela internet, mas nenhum pessoalmente, até 2018. Ao navegar em um grupo do Facebook sobre assexualidade vi um post dela. Dei uma resposta simples que a fez me notar: ace cuida de ace. Começamos a conversar pelo chat do Facebook e logo estávamos fazendo chamadas de vídeo, pois precisávamos um do outro. Éramos amigos e demoramos 4 meses e meio até nos encontrarmos. Em junho de 2018 resolvi encontrá-la pessoalmente. Parece clichê, mas ao vê-la não sabia o que dizer, disse apenas um "oi", meio tímido.  Nos divertimos demais no MAM (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) e ao nos despedirmos beijei-a. No primeiro encontro começamos a namorar e algum tempo depois resolvemos morar juntos. Quase dois anos se passaram e continuamos felizes."

divisória


Sou do RJ, assexual estrita. O conheci numa boate. Eu estava num dia ruim e ele também. Não queria participar de nada e pegação não me interessava. Resolvi ficar sentada num cantinho observando tudo, ele se aproximou resolveu puxar conversa, a princípio pensei que ele estava interessado em mim, mas depois ele demonstrou que só queria bater papo mesmo. A conversa rendeu, rimos muito, no final da noite acabou que trocamos um beijo, mas não trocamos contato porque eu realmente não estava interessada em relacionamentos e queria manter distância de qualquer possibilidade de um.

Cerca de 6 meses depois nos esbarramos em outro evento da região. Novamente conversamos por horas e a conversa foi ótima. Ele pediu outro beijo e eu neguei. Não queria que continuássemos esse tipo de envolvimento. Fiquei com receio dele se afastar, mas para minha surpresa, continuamos papeando, e dessa vez sem cortejos. Dessa vez trocamos contato, pois havíamos conversado sobre envolvimento e ficou claro para ambos que não rolaria nada além de amizade.

O tempo foi passando, continuávamos conversando e o interesse ressurgindo... Acabou que começamos a ficar novamente e quando vi estávamos namorando. E agora?! Eu já havia contado que era assexual e ele não teve nenhuma reação negativa quando contei. Até disse: 'Sou mais ou menos assim também.'. Mas não levei à sério porque muitos alos usam esse discurso para se aproximar de assexuais. O tempo foi passando e como era de se esperar em algum momento precisamos conversar sobre sexo. Expliquei que sexo para mim é indiferente. Ele respondeu que tudo bem. Que apesar de sentir atração, ele não via tanta necessidade de sexo, então não encontraria nenhum problema em ficar sem. Combinamos isso. Ficaríamos sem por um tempo e quando eu me sentisse à vontade a gente faria vez ou outra.

Depois de uns 3 meses de namoro, começo a perceber que ele simplesmente não consegue entender como as pessoas sentem atração primária. Ele só consegue sentir atração quando tem algum vínculo com a pessoa. Sim, ele é demissexual! Eu não acreditei quando descobri, já estávamos namorando e nada disso tinha sido planejado, e perceber que eu estava namorando outro ace foi uma maravilhosa surpresa. Esse relacionamento durou 3 anos e meio, infelizmente acabou, mas foi maravilhoso enquanto durou."



Obs: Nomes foram omitidos e fotos não divulgadas à pedido dos casais.

19 comentários:

  1. ai que coisa linda, como eu nao sei como outras pessoas sentem atração ou se elas sentem mesmo necessidade d transar ou algo assim eu sempre fiquei "ah, melhor nem tentar" mas dps de ler essas historias da ate uma esperança

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  3. Olá pessoal, sou produtora de um programa de tv e estou procurando casais assexuais para entrevista. Segue o meu e-mail para contato: bcarosini@bnad.com.br
    Obrigada!

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    1. Sou casada com um assexual que não assume que é, isso é muito triste

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  5. É uma busca sem fim, fico feliz por aqueles que conseguiram encontrar alguem. Se tiverem algum grupo de whats app por gentileza me informar.

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    1. Realmente, é bem difícil. Até porque hoje em dia as pessoas só pensam e falam sobre sexo.

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    2. Também gostaria de algum grupo de WhatsApp! Se descobrir algum me avise por favor!

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    3. Meu maior medo é morrer sem ter filhos e sozinho no mundo
      Esses relatos me emocionaram e me deram esperança de encontrar alguém que me aceite do jeito que sou e que eu possa realizar meu sonho de um dia casar e ter uma bela família !

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    4. Por favor seria de grande ajuda pra mim, entender mais sobre mim falando com pessoas que passam pelo mesmo que eu !

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  6. Para conhecer outros assexuais, temos nosso fórum http://assexualidade.forumeiros.com e lá vocês podem pedir acesso ao grupo no Whatsapp ;)

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  7. Quero muito o namoro assexual. Fui casada. Tenho um filho de 5 anos. Descobri a assexualidade depois dos 30. Atualmente tenho 35. Gosto de estar em um relacionamento mas nunca tive interesse por sexo.

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  8. Me identifico como demissexual,e simplesmente não entendo o "tesão". Tenho um namorado incrível, amo muito ele mas não sinto basicamente nenhum desejo sexual, sinto q eu deveria sentir algo, mas não sinto. Não sinto por ninguém. As pessoas me falam que é só uma fase, ou que "não chegou o meu momento", ou a melhor frase de todas "É que vc não teve um BOM companheiro", (se é q me entendem), mas a questão é q quanto mais eu paro para pensar, mais certeza eu tenho de q sou "demi", até através de "sinais" de quando eu era mais jovem.

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  9. Como posso conseguir um grupo pra falar desses assuntos e talvez até conseguir me relacionar?

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  10. Acho que sou demissexual. Ou nem isso! Gostaria de encontrar um namorado como eu, que goste de namorar sem ter necessidade de sexo. Mas ainda não rolou. E agora, com 44 anos, fica mais difícil encontrar...

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  11. Gostaria muito de participar de um grupo de WhatsApp e conhecer pessoas assexual como eu.

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